O CONTEXTO HISTÓRICO E GLOBAL

 

A roda, cuja tração move a agricultura moderna, foi inventada seis mil anos atrás, na Mesopotâmia. Habitantes daquele lugar também desenvolveram a escrita, antecipando esta página. Sua matemática estabelece as medidas da nossa vida. As horas e minutos ainda são parcelados em frações de 60, como naquele tempo. Apesar da utilidade e permanência de suas idéias, hoje muito pouco cresce em suas terras.

O profeta hebreu, Moisés conduziu os Israelitas até a "terra de ribeiros de águas, de fontes... de trigo e cevada, e de vides, e figueiras, e romeiras; terra de oliveiras, abundante de azeite e mel". Hoje o sol resseca aquele jardim árido. Ventos sopram sobre o leito da rocha exposta. O solo útil se agarra apenas ao longo de vales estreitos.
Comunidades constituídas por iguais emergiram da agricultura grega, do século VII A.C., praticada por fazendeiros autônomos em suas propriedades rurais. Os cidadãos eram independentes, práticos, corajosos e frugais. Conservando um ceticismo saudável, eram capazes de sentirem culpa e compaixão. Isto é, eram confiáveis e dignos. Assumiam responsabilidade por suas ações e circunstâncias. Defendiam suas terras nos campos de batalha e suas opiniões nas assembléias. Auto-confiantes, honestos, engenhosos, eles formaram um governo constitucional, de representatividade local. Adaptações de bom senso às realidades da vida agrária, e não uma contemplação filosófica monástica, foi o que desembocou nos valores iniciais e estruturas políticas da civilização ocidental.

Umas poucas centenas de anos depois, Platão lamentou que as montanhas da Ática eram capazes de manter "nada mais que abelhas, quando até pouco tempo atrás ainda se vestiam com o manto verde de madeira própria para fazer telhados de grandes construções". E a chuva que previamente era retida, agora "escorregava sobre a superfície desnuda até o mar."

Os seres humanos procurando controlar a sua sorte e até mesmo com a melhor das intenções, solaparam os valores sobre os quais se assentava o viver bem. Até hoje continuam a degradar seus lares. Apenas nos últimos 100 anos perdeu-se o equivalente a 1000 anos da camada fértil de solo americano, lavado ou volatizado. A energia gasta, no planeta, no século XX, foi dez vezes superior àquela gasta nos 1000 anos que lhe antecederam. As emissões de dióxido de carbono na atmosfera aumentaram 13 vezes. Hoje, mais da metade daqueles que vivem nas cidades respiram quantidades pouco saudáveis de dióxido de enxofre, que também é responsável por 80% dos danos, apenas no que se refere às florestas da Europa.

Somando-se ao aumento de perda de solo, há a poluição do ar e o desperdício de energia, a biodiversidade está sendo esbanjada, as florestas cortadas e queimadas, as águas estão sendo contaminadas e desperdiçadas. As relações humanas degradadas, a injustiça social está aumentando, e a feiura é abundante.
A despeito do quadro ser desolador, em algumas áreas, a decadência está sendo refreada. De fato, sempre houve alguns desvios na cascata de negligências. Ao mesmo tempo em que a demanda urbana e global estava destruindo o ambiente grego pré-cristão, fazendeiros Maias, na Península de Yucatan estavam utilizando sólidos princípios ecológicos para manejar suas culturas. Essas práticas continuaram por mil anos. Soluções locais apoiadas em uma visão global desempenharam e continuarão a desempenhar um papel importante. Este projeto busca descobrir, testar e demonstar uma conservação inteligente, uma agricultura sustentável, construções sensatas e práticas mais limpas de energia.