PERCEPÇÃO

PERCEPÇÃO >> CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: PRESERVAÇÃO & RESTAURAÇÃO

A água é uma coisa viva.
Sua forma deve ser tranqüila e profunda,
deve ser expansiva e redemoinhar,
deve ter corpo; espumar, espirrar e salpicar;
deve fervilhar nas nascentes frescas,
deve ter volume para alcançar grandes distâncias;
deve saltar sobre cachoeiras que descem dos céus,
deve com estrondo, golpear a terra em baixo;
deve ser suave num dia enevoado e
resplandecente numa manhã ensolarada.
Estes são os movimentos vivos da água.

O filósofo chinês Kuo Hsi (c. 1020-1090)

Preservação

Embora, a florestas a Estância Jatobá considerando-se os padrões brasileiros, não seja uma grande floresta, ela é importante na "cadeia de ilhas" que liga a biodiversidade frágil da região. Esses mini-santuários certamente atuam como corredores para os pássaros. E, como esta terra beira o rio, também fica acrescida de um corredor para mamíferos e outros animais de pequeno porte. Visto que é impossível substituir uma floresta plantando-se árvores, torna-se vital preservá-la na sua integridade. Assim como é importante proteger a sua biodiversidade, também é importante proteger e melhorar a floresta, por si mesma, bem como para estudo e para o deleite humano.

Procedimentos legais já foram tomados para assegurar que as reservas naturais daqui e sua biodiversidade sejam protegidas. A propriedade recebeu aprovação oficial do governo brasileiro como santuário ecológico, através de Portaria do IBAMA (NUMERO) constituindo-a como uma R.P.P.N.= Reserva Particular do Patrimônio Natural. Também está em estudo ser área de soltura para animais selvagens apreendidos por comércio ilegal em outras localidades, para talvez oferecer-lhes aqui, alguns dos seus habitats naturais.

 

Restauração

O projeto não almeja "desenvolver a natureza". Não tem intenção de "conservar" a natureza, no sentido estrito. Basicamente, nossa ênfase está em não atrapalhar a auto-conservação da própria natureza, mas facilitar seu crescimento natural e sua tendência regeneradora. A ênfase, como nota Aldo Leopold, está em perceber a capacidade da terra para auto renovação e alinhar-se a ela.

Sob esse aspecto de restauração, já tivemos grande "sucesso". Por quase 20 anos temos protegido grandes áreas da mata nativa, de serem exploradas, invadidas e destruídas. Através de fotos aéreas ao longo desse período, pode-se estimar que as florestas dentro da propriedade total aumentaram uns 40% em área.
Uma recuperação dramática ocorreu em duas áreas, que haviam sido radicalmente desmatadas para agricultura, em período anterior à nossa supervisão.

No talude sul da grota principal superior, a dispersão de diversas espécies está tendo muito sucesso em reflorestar uma grande área. Uma árvore pioneira nativa, típica da região (Croton urucurana) recuperou naturalmente área de pastagem de aproximadamente 0,6 hectares, que fica entre a floresta e a várzea.

Quando se lida com sistemas naturais (inclusive a consciência humana), quando se deveria "deixar ser" e quando se deveria "intervir"? Por enquanto, aumentar a percepção e o conhecimento está sendo a "intervenção" mais usada. É efetiva dentro de seus limites e requer o menos possível de intromissão. Os dois exemplos de restauração, mencionados acima, ilustram essa abordagem. Quando se vai agir, não custa nada, continuamente perguntar-se quais os motivos: "O que está sendo preservado e para quê?" Além disso, prosseguir devagar e cautelosamente provavelmente reduzirá os riscos.

É assim que estamos fazendo com o projeto de restauração visando plantar mudas para interligar seções de matas separadas e falhas devidas a desmatamentos passados. Além disso, árvores estão sendo plantadas em torno das nascentes naturais para rejuvenescê-las e proteger seu fluxo sadio. As espécies escolhidas são nativas do Brasil e especificamente típicas desta região. O historiador grego Xenofonte, no seu Oeconomicus, escrito no século IV A.C., explica a razão. Ele aconselhava, "Provavelmente, não se obterá a melhor colheita da terra, em se plantando árvores e vinhas, ou semeando-se grãos do tipo que se deseja, ao invés daquelas culturas que a própria terra prefere fazer brotar e gosta de manter."

 

Alagados

Um pequeno açude perto da crista da bacia está sendo recuperado, depois de ter ficado seco e ter sido usado, no passado, como pasto. Da mesma forma, outro hectare e pouco de brejo, perto do rio, está sendo rejuvenescido. Já se nota um acréscimo da vida aquática. Espécies de pássaros que preferem esses ambientes estão aparecendo, além de outras mais familiares que não estavam sendo vistas há muitos anos.

 

Infraestrutura

Um dos objetivos do projeto é que todas as novas construções tirem o melhor proveito dos ventos dominantes, da ventilação natural, do sol e da sombra para uma troca termodinâmica mais eficiente. Quente no inverno. Fresca no verão.

Reter e reciclar a água é um importante componente do plano. Além de captar a água das chuvas que escorre dos telhado, em cisternas, é possível re-usar a água das pias e chuveiros para a descarga dos banheiros. A "água suja" que sai da casa será tratada e esterilizada para ser usada na irrigação. O uso de embalagens de plástico, papel, vidro e alumínio já está sendo minimizado. Tudo que é usado será entregue separadamente nos centros de reciclagem. O material orgânico residual será utilizado no composto e integrado na produção da fazenda.

O uso da luz solar (direta ou indiretamente), para prover energia elétrica para as necessidades das casas, laboratórios e oficinas está no plano geral. O ideal seria energia gerada por painéis solares. Também será testada a viabilidade de energia gerada pelos ventos. Assim, a água será aquecida diretamente por painéis solares usando-se convecção. A eletricidade será gerada por células fotovoltaicas, armazenada em baterias convencionais e distribuída por meio de um conversor, quando for necessária corrente elétrica alternada.

Pequenos veículos usados na propriedade serão impulsionados por energia solar. Está-se investigando a possibilidade de reformar os tratores para funcionarem com óleo vegetal.